


Nessa travessia cheia de esperança e sonho
Afogados nesse sem lado de águas
Os sonhos sem dono são governados
Por aqueles a quem não pertencem
O descaso é dançado com a magia das lendas
Os deuses, xamãs e entidades ainda tentam fingir que o deus dinheiro não é forte
Matar não é vingança que valha
Fazer viver essa desesperança corta fundo
Corta na carne da criança que apanha
Corta na alma do rio que corta a selva
Corta a desvirgindade das fêmeas no cio
buscando razões em corpos fortes
Nos dentes das piranhas e na lâmina da navalha
Sangra tanta água negra que inunda um mundo de ilusões
De um ontem de glórias
De uma festa, orgia de embriaguez
Onde se confunde o capricho da vaidade e garantia de um amanhã menos abafado pelo descaso de um país inteiro que quer belas praças pra “brasileiro” ver.